Horto das Enxurreiras
Bancas: 129-144
O Sr. Carlos Cerqueira, de 72 anos, está há 65 anos no Bolhão. A sua banca existe há mais de um século e foi iniciada pelo seu pai, Aníbal Cerqueira, quando o Mercado era, ainda, uma praça.
A história do Sr. Aníbal Cerqueira, nascido em Marco de Canaveses, começa quando, ainda jovem, abandona a sua aldeia e vem trabalhar para uns lavradores, na cidade do Porto. Pouco tempo depois, vai para um horto trabalhar e aprender a ser jardineiro, vindo, algumas vezes, às casas da cidade arranjar-lhes o jardim. Numa dessas ocasiões, conhece aquela que viria a ser a mãe do Sr. Carlos, apaixonam-se e antes de casarem esta fá-lo prometer que teriam o seu próprio horto, próximo da sua futura casa. O pai do Sr. Carlos concordou, cumpriu a promessa e os dois compraram um terreno a um lavrador para construir o seu horto. A partir de então, o Sr. Aníbal começou a vir para o Bolhão vender as plantas, que ele próprio criava e das quais cuidava, e o Sr. Carlos, com apenas 5 anos, já o acompanhava nas suas vindas ao mercado.
Anos depois, o negócio da família foi assumido pelo filho, o Sr. Carlos, que dá continuidade à venda de plantas. Na sua banca, muitas das plantas que são comercializadas vêm, ainda, do horto criado pelo seu pai, no qual o Sr. Carlos mantém-se a trabalhar.
Quanto ao nome "Horto das Enxurreiras", este também merece a partilha de uma história curiosa: Na época em que construiram a casa e o horto, a sua família era a única da rua e, por essa razão, "os senhores da Câmara" perguntaram à mãe do Sr. Carlos que nome queria que lhe fosse atribuído. A senhora sugeriu "Rua das Enxurradas" porque quando chovia na rua, corria nela uma enchente de água que honrava o nome, mas o senhor contrapropôs chamarem-na "Rua das Enxurreiras", talvez porque, segundo o Sr. Carlos, lhe soaria melhor. De Rua das Enxurreiras, seguiu-se o Horto das Enxurreiras, horto e banca, existentes até hoje.