Quem acredita que sentar à mesma mesa a coser, recortar e pintar a várias mãos não é cuidar da segurança da comunidade, não sabe o que é o Natal. A proximidade, a inclusão, a partilha e o espírito comunitário são as figuras centrais que dão brilho à "Árvore Comunitária", mas também ao "Presépio de Todos", que uniram a Polícia Municipal (PM) do Porto e os utentes de várias instituições da cidade e agora podem ser visitados no Mercado do Bolhão. Cerca de 370 corações a cuidar uns dos outros e que o espírito natalício vá para lá dos dias no calendário.
"No Natal, a farda também aquece / Protege os sonhos, acalma o medo / Estende a mão até onde é precisa / Porque servir é o gesto silencioso da solidariedade / E, onde há coragem para cuidar, / O Natal acontece de verdade".
As palavras, lidas pela D. Conceição, são dos utentes do Centro de Dia da Liga Portuguesa contra o Cancro.
Mais do que a "Árvore Comunitária", feita, também, a partir de fardas em fim de vida, e do "Presépio de Todos", o presidente da Câmara do Porto não tem dúvida de que "o que está por trás é, de facto, muito mais importante". "Isto diz muito de um sonho de cidade que temos: uma cidade que sabe juntar todos e tratar todos por igual, mesmo quando temos de cuidar uns dos outros", sublinha Pedro Duarte.
Na visão do autarca, a iniciativa da PM "mostra que esta é uma cidade inclusiva, de todos, una, e uma comunidade que sabe que somos muito mais como um todo". Como espécie de "desejo de Natal", e seguindo o exemplo da iniciativa, o autarca diz que gostava que "cada vez mais, tornássemos o Porto especial nesta vertente: uma cidade onde sabemos cuidar uns dos outros".
Pedro Duarte considera que "quem acompanha o trabalho desta Polícia Municipal sabe o esforço diário, permanente, que é feito no sentido de haver uma grande proximidade à cidade, a cada um de nós".
Reconhecendo a "forma abnegada e o humanismo" dos agentes, o presidente da Câmara enalteceu o trabalho social, para lá do securitário, da PM, mas também das várias instituições. "Temos de olhar para as condições necessárias para que os cidadãos vivam a cidade na sua plenitude. Temos de olhar para todos por igual e dar as mesmas oportunidades a todos", sublinhou Pedro Duarte.
Na visão do autarca, o Porto deve ser "verdadeiramente uma cidade, não só um conjunto de pessoas que vivem no mesmo sítio e que, por vezes, se cruzam, com um olhar indiferente entre elas".
Pela Polícia Municipal do Porto, a comandante considera a "Árvore Comunitária" e o "Presépio de Todos" "uma expressão viva da proximidade da partilha e do espírito comunitário que queremos continuar a fortalecer na nossa cidade, através da nossa polícia".
"Cada participação, cada contributo, cada peça criada pelos utentes é um gesto que enriquece esta árvore e que reforça a missão que nos une", sublinha Liliana Marinho.
E porque os projetos – como o Natal – são mais do que o momento e a época que assinalam, a comandante lembrou o trabalho constante da PM junto da comunidade, através do serviço de Policiamento Comunitário: "quando os nossos polícias se sentam com os utentes, quando escutam histórias, quando partilham conhecimentos, aprendem rotinas e perceções, não estão apenas a criar decorações de Natal".
Estão, reforça Liliana Marinho, "a recolher informação preciosa sobre o território, sobre vulnerabilidades, sobre preocupações concretas das pessoas". Informação essa que "será transformada em ações, em estratégias operacionais e em intervenções que contribuem para melhorar a ação policial na cidade".
A comandante acredita que "a segurança também se sente. E sentir-se seguro exige confiança. E essa confiança constrói-se com proximidade, com presença, com respeito e com continuidade".
"Que estes projetos sejam mais um passo na construção de uma cidade que se cuida mutuamente e que encontra na proximidade a sua maior força", concluiu.
Foto: João Pedro Rocha / CM Porto











